quinta-feira, maio 31, 2007

Desejos e uma garrafa de Lambrusco

E o ciclo se encerra, e com ele vai-se também metade de meus neurônios. Uma garrafa de Lambrusco entornada numa noite fria, permeada por desejo de simplesmente ser quem você é! Mas quem você é? Você é a pessoa que quer voltar a amar, você é a pessoa que quer tocá-lo, você é a pessoa que fica enebriada pelo seu belo sorriso, você é a pessoa que se contenta em saber que ele lhe daria um beijo, caso você pedisse, mas que poderia perfeitamente ir embora para sempre, sem jamais tê-lo, mas contente em saber que o teria, caso tivesse pedido! Você é a pessoa que quer arriscar, que quer perguntar "você me daria um beijo de despedida"? Você é a pessoa que quer ousar, mas que está cansada de correr atrás do mundo. Por que, ao menos uma vez na vida, o mundo, com seu maravilhoso sorriso, não pode correr atrás de você? Por quê? Porque é a única coisa que não sai de sua cabeça, enquanto ela gira, embebecida em um velho vinho, completamente embriaga de amor! Amor? Não, isso é apenas desejo! Por que é tão difícil não arriscar, não tentar se entregar ao que se sente? Medo de ser rejeitada? Às favas com a rejeição. Amanhã, saio de lá com a resposta que quero e mudo meu nome, se não conseguir isso. Um beijo? Um beijo seria mais do que peço aqui. Eu só quero a resposta: sim ou não e nada mais importa!
A Baco, ao deus que soube como ninguém honrar a própria existência!

quarta-feira, maio 23, 2007

Momento de sinceridade

Vou contar algo que só disse ao meu terapeuta: as pessoas têm me dado um sono incrível. Elas começam a falar mal dos outros e desejar o mal para os outros, sentem-se o umbigo do mundo, reclamam sobre o quanto a vida está uma merda, mas elas são incapazes de mover uma palha para modificar isso etc. Começo a ouvir toda esta ladainha e sinto, aos poucos, meu corpo deixando o ambiente, eu passo por vários lugares, geralmente praias desertas com um sol maravilhoso, um calor agradável e um mar azul incrível. Não resisto, caminho até ele e simplemente me deixo levar por suas ondas, seu movimento me embala e conforta. Olha, eu acho mesmo que durmo!

Carta aberta aos homens por Xico Sá


Ontem foi dia de ginecologista. Não, não estou com fungos, mulher depois que trepa se fode literalmente. Todos os anos temos que fazer uma porrada de exames, afinal, temos útero, ovários, trompas etc.

Chego no consultório e o ginecologista hipongo que insiste em me convencer a ter um filho pergunta se estou namorando. Eu respondo que não. Ele pergunta o motivo e eu digo que todos os homens que valem a pena são gays ou casados. Ele diz que é uma reclamação legítima, eu não sou a primeira pessoa a dizer isso. Penso mais um pouco e digo que os que não são gays, nem casados são frouxos. Ele não responde! Saio de lá com a lista de exames de praxe e uma receitinha de remédio para TPM porque há 15 dias da coisa, eu já estou alucinada. Ele receita a vitamina porque tem pena dos homens. Ah, o humor judeu!

Minutos depois, encontro um amigo do Movimento Humanista e me pego com a mesma conversa, só que este é casado com uma boliviana que está morando na Bolívia. Prático, não? Ai, vale o questionamento: os casados são ousados, ou são ousados porque são casados?

Chego em casa, pensando no maldito casado do trabalho que está no processo de me dar linha pra depois me abandonar. Nos vai e volta, no pouco tempo que tenho para decidir se cago ou libero a privada e em meio a estes devaneios, leio o blog do Xico Sá e descubro que ainda há homens que sim, honram as calças que vestem. Leiam, divulguem e aprendam!

Carta aberta aos homens por ele, Xico Sá

Amigas, peço a devida licença para me dirigir exclusivamente aos meus semelhantes de sexo, esses moços, pobres moços, neste panfleto testosteronizado. Sim, amigas, esses seres que andam tão assustados, fracos e medrosos, beirando a covardia amorosa de fato e de direito.

Destemidas fêmeas, caso notem que eles não leram, não estão nem ai para a nossa carta aberta, recortem e colem nas geladeiras , tirem uma cópia e preguem no banheiro, na mesa do computador, na cabeceira, deixem esta crônica grudada na tv, mas não antes do futebol, pois há o risco de simplesmente ser ignorada, enfim, me ajudem para que esta minha carta aberta aos rapazes chegue, de alguma forma, ao alcance deles.

Amigos, chega dessa pasmaceira, chega dessa eterna covardia amorosa. Amigos, se vocês soubessem o que elas andam falando por ai. Horrores ao nosso respeito. O pior é que elas estão cobertas de razão como umas Marias Antonietas cobertas de longos e impenetráveis vestidos.

Cabróns, estamos sendo tachados simplesmente de frouxos, medrosos, ensaios de macho, rascunhos de homens, além de tolos, como quase sempre somos.

Prestem atenção, amigos, faz sentido o que elas dizem. A maioria de nós anda correndo delas diante do menor sinal de vínculo, diante da menor intimidade, logo após a primeira ou segunda manhã de sexo. O que é isso companheiros? Fugir à melhor das lutas? Nem vou falar na clássica falta de educação do dia seguinte.Ora, mandem nem que seja uma mensagem de texto delicada, seus preguiçosos, seus ordinários. O que custa um telefonema gentil, queiramos ou não dar seqüência à historia?!

Amigos, estamos errados quando pensamos que elas querem urgentemente nos levar ao altar ou juntar os trapos urgentemente. Nos enganamos. Erramos feio. Em muitas vezes, elas querem apenas o que nós também queremos: uma bela noite, ora direis, ouvir estrelas!

Por que praticamente exigimos uma segunda chance apenas quando falhamos, quando brochamos, algo demasiadamente humano? Ah, eis o ego do macho, o macho ferido por não ter sido o garanhão que se imagina na cama.

Sim, muitas querem um bom relacionamento, uma história com laços afetivos. Primeiro que esse desejo é legítimo, lindo, está longe de ser um crime, e além do mais pode ser ótimo para todos nós. Enquanto permanecermos com esse medinho de homem, nesse eterno e repetido “estou confuso” –“eu tô cafuso”, como dizia Didi Mocó!-, a vida passa e perdemos mil oportunidades de viver, no mínimo, bons momentos do gozo e felicidade possível. Afinal de contas para que estamos sobre a terra, apenas para morrer de trabalhar e enfartar com a final do campeonato?

Amigos, mulher não é para ser temida, é para nos dar o melhor da existência, para completar-nos, nada melhor do que a lição franciscana do “é dando que se recebe”, como cai bem nessa hora. Amigos, até sexo pra valer, aquele de arrepiar, só vem com a intimidade, os segredos da alcova, o desejo forte que impede até o ato que mais odiamos, a velha brochada da qual tratamos aí acima.

Rapazes, o amor acaba, o amor acaba em qualquer esquina, de qualquer estação, depois do teatro, a qualquer momento, como dizia Paulo Mendes Campos, mas ter medo de enfrentá-lo é ir desta para a outra mascando o jiló do desprazer e da falta de apetite na vida. Falta de vergonha na cara e de se permitir ser chamado de homem para valer e de verdade.

sábado, maio 19, 2007

Das coisas simples da vida


Quando eu pensei que não poderiam criar nada melhor que pão de queijo, eis que juntam a melhor invenção mineira a polenguinho. Deus, bem ditos sejam as pessoas que têm idéias como estas!

quinta-feira, maio 17, 2007

Chiliquei Reloaded


Desdobrando os acontecimentos do meu chilique da semana, quero dizer aos navegantes que me sinto melhor. Ainda estou com crises de ansiedade, mas isso passa daqui duas semanas - alívio. Mas alívio mesmo é sentir que são em momentos de crise que escutamos as piores coisas, mas que elas vêm acompanhadas das melhores coisas.

É saber que um grande amigo de muito, muito tempo, não hesita em dizer que te ama quando você mais precisa! É saber que aquela garota que tu acha inteligente e que teu santo bateu com o dela de cara, vira pra você e diz que tu é um arco-íris! Não importam as distâncias, nem o tempo que passam sem se verem, eles simplesmente te conhecem bem, às vezes, melhor do que pessoas que estão ao seu lado sempre.

Neste ano, caras, devo ter escutado coisas que pagaria milhões para não tê-las escutado. Mas elas valeram, porque me trouxeram outras tantas que, caralho, me dão certeza de que ao menos estou sendo coerente comigo mesma, com minhas verdades, as verdades que carrego comigo e que me dão senso de justiça, de virtude, de dignidade! O resto? Ora, pois, o resto, como diz Angeli: "foda-se, foda-se, foda-se. De hoje em diante não usarei mais roupas..."

quarta-feira, maio 16, 2007

Crises dos sete anos


Decidida a decifrar ou devorar-me, procuro no Saint Google a tal teoria de que a vida estaria dividida em ciclos de sete anos. Well, eu queria algo mais específico do tipo "algo vai ficar muito bom, ou algo vai ficar muito estranho", mas o que encontrei foi o seguinte: "entrando em contato com muitas, muitas pessoas, de repente alguma coisa dá um clique que nunca deu com qualquer outra pessoa. E isso clica com tanta certeza e tão absolutamente, que você não pode nem mesmo duvidar. Mesmo se você tentar duvidar, você não conseguirá. A certeza é tão tremenda. Com esse clique vocês se acertam. Entre os vinte e um e os vinte e oito, em algum lugar, se tudo correr bem do jeito que eu estou dizendo, sem interferência de outros, então vocês se acertam. E o período mais agradável da vida vem dos vinte e oito aos trinta e cinco: o mais alegre, o mais pacífico e harmonioso, porque duas pessoas começam a se derreter e a se fundir uma com a outra". (http://www.oshobrasil.com.br)

Well, e quando as pessoas precipitam as coisas a já passou por tudo isso antes dos 28 anos? E se eu não encontrar mais ninguém decente? Pior ainda, e se eu não for encontrada? Porque deviso aos sucessivos erros das últimas experiência eu decidi deixar que o amor me encontre?

Por mil morcegos, Batman, por que viver tem que ser tão complicado? E ainda me colocam matemática na parada!

segunda-feira, maio 14, 2007

Chiliquei


O verbo "chilicar" deriva do substantivo "chilique". Hoje, confesso que chiliquei. Pronto, finalmente redescobri o que é ser um ser humano normal, com todas as mesquinharias que há tempos tinha deixado no fundo do baú, após colocar uma pitada de ensinamento budista na minha vida.

Hoje, a garota que ficará no meu lugar, no emprego que estou de aviso prévio, foi até lá assinar umas babaquices. Sabendo disso, achei melhor dizer aos que ainda não sabiam que dia 8 de junho é adiós definitivo. Parte triste, mas eu já havia dito às pessoas que gosto mais, então hoje foi fichinha, pensei eu. Mas tudo veio a baixo quando eu vi a cara da fedelha que deve ter um papaizinho cheio de grana no bolso para mandá-la a Londres, pagar curso na Panamericana de Artes e bancar o salário miserê da criança! Pobre garota, mal sabe o estrago que fez. Juro que serei legal com ela, mas eu precisava jogar pedra, bosta e o que mais tivesse a meu alcance em alguém, minha Geni foi ela!

Sim, eu surtei! Sim, eu tenho um maldito coração que ainda pulsa, sim eu estou frustrada porque esta porra não deu certo e a única coisa que me alivia é saber que não terei mais minha ex-amiga como chefe, sim eu estou morrendo de ciúmes da garota, eu não quero que meus porteiros preferidos, as copeiras, e a estagiária de educação, e a assistente de eventos gostem mais dela do que de mim! Ai, pronto, disse, falei, coloquei pra fora esta coisa ruim!

Psicótica, ligo para o terapeuta e peço pelo amor que ele tem à própria vida que me atenda ainda hoje. Lindo, ele me atende e diz que eu preciso começar a me despedir internamente destas pessoas, ir me desapegando e pensando que, com algumas, ainda terei contato, mas que outras passarão, ao lado de uma infinidade de pessoas que já seguiram o mesmo rumo.

Disse a ele que queria ser uma rocha, que não queria sentir nada, que estava indo muito bem neste propósito de virar um mineral, mas que hoje foi um fiasco total (Deus, eu fiz uma rima)! Lembrei que foi o primeiro lugar em anos que consegui ficar quieta por pelo menos seis meses. O Neurônio foram cinco anos, mas não conta porque eu praticamente não ficava lá. Enfim, foi assustador perceber que ainda há uma gentinha habitando meu corpo e ela é um disbunde. Era uma vez eu mesma, mas tive que matá-la!

quinta-feira, maio 10, 2007

O presente de despedida perfeito


Consegui ser mandada embora! O que eu estou sentindo é o que todos me perguntam. A única resposta que dou é que me sinto aliviada! Feliz, com vontade de dar muita risada, de tirar a pedra imensa que eu estava carregando em minhas costas. Estou contando os dias como uma presidiária! Dia 8 de junho nunca, nunca esteve tão distante.

Se eu sinto alguma tristeza? Sim, apenas uma - talvez eu nunca mais veja aquele sorriso lindo! Eu dei a ele um presente de aniversário com um cartão cheio de segundas intenções, nada explícitas, para ver o quanto é inteligente e me deliciar com isso.

Queria que retribuísse, queria que me desse um presente de despedida: uma piscina, uma banheira de hidromassagem, uma cachoeira, uma praia deserta, céu e mar azuizinhos, sapatos Prada, sorvete Häagen-Dazs, perfume Lovely by Sarah Jessica Parker, um pijama de seda vermelho, uma noite tórrida de amor com Geoege Clooney – se ele não puder vir ao Brasil, serve um michê parecido, flores do campo, um jeep vermelho, um casaco de cachemere, uma langerie Victoria Secret, os DVDs do Sex and the City ou Seinfield, o acústico do Lobão, poesia ao pé do ouvido – sacanagem também serve, um céu estrelado, uma brisa fresca, um beijo roubado...