domingo, novembro 11, 2012

Existe machismo na esquerda

Ontem, meu sábado foi dedicado à causa feminista. Passei o dia num seminário intitulado “Há machismo na esquerda”. O evento foi articulado pelos coletivos Anastácia Livre, Mulheres do DAR, Revolução Preta e Violeta Parra.

Sim, sou feminista e isso não significa nem de longe que eu odeie homens ou que eu seja lésbica, associações muito comuns que os leigos ou pessoas maldosas costumam referenciar ao conceito. Sou feminista porque eu acredito que o fato de ter nascido com uma boceta no lugar de um pau me colocar em desigualdade histórica com os homens e eu não acho justo e não quero que aconteça com a minha mãe, com as minhas amigas, com minha sobrinha, com uma filha, se acaso eu tiver uma, e tampouco quero que aconteça com qualquer mulher conhecida ou desconhecida. Isso de uma forma bem básica.

Pois bem, em outubro, participei de um evento promovido pela Marcha das Vadias Sampa e me chamou muito a atenção o debate de algumas meninas presentes, que militam em movimentos sociais das mais variadas causas e que reclamavam do machismo sofrido nestes espaços. Isso ia desde ficarem responsáveis pela limpeza e organização dos espaços de encontro, em detrimento da participação nas discussões, até agressões físicas e verbais, quando se opunham ou questionavam decisões. Foi o que me levou ao evento de sábado. Era dedicado ao tema e achei que poderia me aprofundar na questão.

Bom, a primeira constatação foi que todos os presentes, mulheres e homens, assumiram a existência do problema. Acho que é o primeiro passo para combatê-lo, mas o que seguiu daí pra frente foi estarrecedor e me faz questionar muito se eu quero mesmo fazer parte desta esquerda que não é de nada há muito tempo. O que me deixou realmente chocada, foi ouvir de mulheres, não sei de quais movimentos, porque realmente tive medo de perguntar, que os casos de violência dentro dos grupos de esquerda devem ser resolvidos internamente, pois a Lei Maria da Penha serve para “encarcerar nossos militantes pobre e negros”.

Eu estava preparada para ouvir de um tudo, mas nunca achei que dentro de um evento promovido por grupos feministas eu escutaria alguém dizer que a Lei Maria da Penha era um retrocesso e servia de instrumento para promover a política podre de nossa polícia de discriminação. Não, definitivamente eu não estava preparada para isso. E vamos combinar, agressor não fica preso, ele paga meia dúzia de cestas básicas e volta pra casa pra ensinar a mulher como não denunciá-lo, batendo nela de novo.

Eu acredito sim que eventos violentos como não aceitar que as colegas se pronunciem, gritar, xingar são casos que podem ser resolvidos dentro das orgânicas do movimento, com diálogo, principalmente mostrando ao agressor que o movimento é de todos e que ele está reproduzindo o machismo, que nada mais é do que instrumento de poder da estrutura que eles combatem. Agora, não me venha dizer que casos de espancamentos e abusos devem ser combatidos dentro da estrutura do movimento porque eu não quero participar de movimento com caráter de PCC em que temos um tribunal paralelo.

Eu quero as vítimas sejam ouvidas, o que não vem ocorrendo, e quando houver violência física, seja de qual caráter for, que seja denunciada. Porque foram anos pedindo uma lei que punisse a violência contra a mulher, pra que ela seja colocada de lado sob o argumento de que devemos preservar a causa. Que movimento é este que precisa tanto ter um agressor em sua estrutura a ponto de orientar mulher a não denunciar seus agressores. Um movimento que precisa de um agressor em sua estrutura pra mim não serve. E é isso o que acaba ocorrendo, as mulheres abandonam estes espaços políticos, porque não se sentem seguras, enquanto os agressores continuam seus caminhos, como se nada houvesse ocorrido. Eu quero que os agressores sejam punidos, sejam eles brancos, pretos, ou azuis de bolinhas amarelas.

A segunda coisa que me deixou chocada foi o questionamento sobre a solidariedade à mulher. Bom, quem já teve contato com mulheres que sofreram violência sabem o quanto é difícil elas falarem sobre a violência. Elas sentem vergonha, medo e muitas vezes culpa que é inculcada pelo próprio agressor, como forma de mantê-la calada. Quando uma mulher chega a mim e diz que sofreu uma violência, serei sim solidária a ela, porque é uma mulher diante de você que está em seu limite, pedindo, socorro.

É claro que não apoio a Elisa Matsunaga ter feito picadinho do marido, mas eu tenho certeza, pelo perfil do morto, que a todo momento ele fazia questão de lembrá-la de onde ele havia a tirado, de como ela perderia a filha, que ela não passava de uma prostituta. E neste ponto, desculpa, sou solidária a Elisa, MAS também quero que ela vá para a cadeia porque matou um homem.

A mesma pessoa que apontou a Lei Maria da Penha como instrumento do Estado (conta uma novidade é uma lei), que questionou a solidariedade às vítimas, também condenou os escrachos como forma de apontar os agressores, citando o caso do escracho de um militante do Movimento Passe Livre. Ela, o nome da pessoa é Simone, disse que o escracho ao agressor foi feito num momento em que o Movimento estava com grande visibilidade da imprensa e por isso não deveria ter sido feito. Segundo a própria vítima, o escracho foi o que possibilitou a ela terminar as disciplinas que cursava e por isso, toda solidariedade a ela. O que coloco novamente à dona Simone, que eu gostaria muito que lesse este texto, é porque ela culpa a vítima e não o agressor pelo ocorrido? Quem estava ameaçando a ex-companheira era ele. Por que o movimento não tomou providências se era tão interessante não ter esta exposição negativa na mídia? E escracho por escracho, somos escrachadas todos os dias, quando passam por nós e nos chamam de gostosa, quando quebram nosso braço em balada porque não quisemos dar trela pro babaca! Vamos novamente culpar a vítima?

Movimentos sociais são construídos por indivíduos engajados que acreditam em determinadas causas. Não há movimento sem a participação destas pessoas. O movimento não se sustenta se estas pessoas não forem vistas como indivíduos, se os problemas relatados dentro da orgânica destes espaços não forem tratados com medidas assertivas e de acordo com sua gravidade. Se é esta esquerda que estão construindo, que precisa tanto de homens violentos para que o coletivo não se enfraqueça, desculpe, eu prefiro ficar em casa! E isso que ocorre quando uma vitima tem apoio negado nestes espaços.

Achei que estivesse pronta para militar em outras causas, que não somente as feministas, porque eu quero mesmo viver num mundo melhor, mas com a esquerda que vi ontem, prefiro me manter somente nos espaços feministas que frequento e que são seguros. Desta esquerda pelega e nauseante eu quero distância!

Solidariedade feminista SEMPRE!

quinta-feira, agosto 09, 2012

Sobre música e grandes dores de amor

O amor, na minha opinião, é a pior coisa que pode acontecer às pessoas. É pior que perder um braço, é pior que não poder comer o que se gosta por conta de doença, é pior que injeção de Benzetacil em unha encravada! E por que é tão ruim? Porque uma hora acaba. Todo o amor, na minha cética opinião, acabará. Uns mais cedo, outros mais tarde, mas o fim é certo.

E dói, por Deus, que dor medonha! Felizmente, os tropeços nos fazem aprender. Antes, eu morria, mesmo, sem exagero, era um horror enfrentar o fim de um relacionamento. Mas faz algum tempo, aprendi a apreciar este momento tão temido – o fim de um amor. E vou além, eu sempre começo algo, pensando neste finzinho. Se será trágico, se será poético, se será calculado. E na sequência em penso: que música será que vai embalar o meu sofrimento?

Bom, geralmente, minha veia mexicana começa pelo clássico “Negue”. Ccomo é bom cantar aquilo embriagada, os olhos manchados pelo rímel, o rosto vermelho que dá aquele ar todo especial de palhaço à sua cara. No final da dor de cotovelo, sempre sei que estou me recuperando, quando o repertório muda para “Olhos nos olhos”.

Nesta hora, sei que estou pronta para recolher os cacos pelo chão! O cabelo meio despenteado, a calça de moletom com um furo na bunda, a blusinha velha de lá que protege do frio medonho que uma dor de amor provoca. Sobe o BG “olhos nos olhos, quero ver o que você faz, ao sentir que sem você eu passo bem demais”. Nesta parte, me sinto pronta para encarar o mundo de frente novamente. Estou curada! Porque eu também aprendi que isso passa, que não há dor de amor nesta vida capaz de matar o sujeito por si só. Superação está no DNA do ser humano, por menos que a gente teime em acreditar nisso.

Nariz de cera gigantesco – é meu blog, eu posso para dizer que ontem, fui ao cinema ver o documentário “Vou rifar meu coração”. Ele basicamente fala sobre “o Brasil romântico, a música, a dor”. Eu gosto muito de documentário, principalmente aqueles que se focam em contar a história das pessoas. E é isso que ele faz. Ele junta o corno, o desiludido, a prostituta, o travesti, o gay, a esposa e a outra, o mulherengo numa sequência de imagens para contarem para contar porque cada um deles já sofreu por amor. E todos estão acompanhados de grandes nomes da música romântica popular, ou brega, como se acostumou denominar Odair José, Agnaldo Timóteo, Waldick Soriano, Evaldo Braga, Nelson Ned, Amado Batista e Wando, entre outros.

Pensa numa coisa bonita de ser ver e ouvir. Pessoas de verdade, gente feia, desdentada, gorda, gay, transexual, nos inferninhos mais horrorosos que a produção conseguiu encontrar, gente de verdade, tão diferente do que costumamos ver dentro dos padrões Globo, todas dizendo que, quando se fala de amor, não importa se você está numa casa de palafita, ou numa cobertura de Leblon, a dor entra rasgando peito adentro e isso é lindo.

Porque viver é amor, mas também ódio; é saúde, mas também doença; é alegria e também tristeza. Esta tensão que não nos deixa nunca. E que nos faz fortes, nos faz bravos, nos faz recomeçar a cada dia! Mais que isso, é o que me faz achar a humanidade insuportável, mas é o que também me encanta em ser gente e gente é outra alegria, não é mesmo?


Se você gosta de gente, de música e de amor, bem sucedido ou não, veja lá

domingo, julho 15, 2012

Uma segunda oportunidade, todos nós merecemos

A mesma conversa que rendeu o post anterior agora dá origem a este. Acho incrível o movimento de rotação da Terra. Eu não sei se é responsabilidade de Deus, ou mero capricho do universo. O fato é que a cada dia que nasce, ganhamos de Gaia a oportunidade de recomeçar - momento Arembepe.

E se a Terra, que é imensa, pode nos dar esta demonstração de generosidade, por que nós não faríamos isso por um amigo, por um amor que que apareceu num momento errado, por nós mesmos?

E sim, há o medo, há a confiança a ser reconquistada, não é um caminho fácil. Exige coragem e coração grande. Exige disposição e vontade de pagar pra ver. Porque sempre pode ser a mesma merda, como da primeira vez, o que é frustrante. Também pode ser pior, afinal, pra pior não há limite. Mas, acima de tudo, às vezes, uma segunda chance é a única coisa que precisamos pra fazer tudo diferente e melhor. Eu sempre pago pra ver! 

terça-feira, julho 10, 2012

A gente não perde o que nunca teve (será)?

Tenho dois amigos queridos. Um menino e uma menina. Nossa amizade tem 18 anos, é uma amizade adolescente, como costuma dizer a menina! Devaneios à parte, literariamente eu juro que isso tem outro nome, mas não lembro agora. O fato é que somente eles conhecem algumas de minhas mais tristes facetas, no caso a de romântica inconsolável.

Por quê? Bom, primeiro porque eu não me considero romântica. Me incomoda deveras todo o blablabla que as pessoas românticas inventam para explicar os percalços e conquistas amorosas. Eu acho um saco. Prefiro ser prática. Deu, que ótimo. Não rolou, vamos ao próximo. Porém, vez ou outra, fraquejo!

E desta vez eu sucumbi em meio a um tremendo rega-bofe. Sexta-feira, saímos para comemorar o aniversário adiantado do menino. Comemos horrores e daí chegou a hora em que nosso clube invariavelmente vira o filme “O clube dos cinco”, mas só com três, e começamos a falar de todas as pedras encontradas no meio do caminho!

Pausa dramática. Eu respiro e digo: “eu conheci um cara tão legal! Inacreditavelmente legal. Ele não me disse grosserias – eu não sei porque, são os sinais tortos que emito, mas os homens pensam que podem falar qualquer bobagem pra mim. Pois é, ele não disse. E ele gosta de Ramones, Bowie, e é divertido, e quer fazer curso de desenho, e está procurando trabalho voluntário, e é espiritualizado, gentil, e me fez rir, e ele sorriu com o que eu disse, e ele é bonito, e beija bem pra caralho, e trepa exatamente do jeito que eu gosto. E nos vimos somente duas vezes, e eu costumava amá-lo, mas tive que matá-lo”.

Bom, foi mais ou menos isso. Sabe-se lá por qual motivo, razão, ou circunstância - não perdi tempo tentando entender porque sou prática a maior parte do tempo - um dia eu recebi como resposta a um convite bem desencanado o seguinte torpedinho: “este não é o melhor jeito de fazer as coisas, é o jeito mais covarde, você é uma pessoa bacana, mas eu acho que a gente pode ser só amigo”. HEIM?

Bom, esta resposta veio meio tarde. Mais precisamente um dia depois de eu ter faltado ao trabalho porque acordei surtada, sem a menor condição de sair de casa porque eu precisava chorar. Eu precisava chorar horrores, desesperadamente, como se não houvesse amanhã. Aliado ao choro descompensado, tomei 12 comprimidinhos de Fluoxetina que eu mantinha guardado para casos emergenciais numa caixinha escondida.  Pensei em beber, mas não fiz, porque como sou prática, achei que se sobrevivesse, eu mesma teria que limpar meu próprio vômito.Dormi, e quando acordei viva, quase 12 horas depois, fui à terapia me martirizar mais um pouquinho.

E tudo isso por que eu me apaixonei loucamente por um cara que vi somente duas vezes? NÃO! Tudo isso porque o mundo está miseravelmente desinteressante. E pra todo lugar que você se vira, é só gente falando de bunda, peito, o último modelo mega power de celular, o carro do ano, o quanto se gasta numa balada só com bebida. E isso é chato, é cansativo, é tão longe do que eu realmente aprecio nas pessoas!

Ai, aparece alguém que não fala de nada disso. Pelo contrário, ele diz coisas que você gostou de ouvir, de compartilhar. Alguém que faz o tempo passar voando, e sei lá por qual cilada do destino – eu sou prática, volto a repetir – a coisa toda simplesmente não decola.

Não foi a dor de ter perdido uma paixão avassaladora. Foi a dor do que poderia ter sido construído. O milhão de possibilidades perdidas. As boas histórias que só duas pessoas com afinidades conseguem  vivenciar! O tremor que o amor pode ocasionar a um coração e alma aparentemente apaziguados.

Porém, a pergunta que não me deixa em paz é: sabe quanto tempo eu terei que andar por ai, neste deserto horripilante de pessoas interessantes até eu encontrar outro cara como este? Só de pensar, tenho vontade de tomar mais Fluoxetina, mas acabei com meu estoque no famigerado dia já citado.

Então, eu contei tudo isso aos meus bons e velhos amigos, após uma sessão tortuosa de comilança, em meio a um restaurante cheio e com os olhos cheios d’água. E sem álcool, o que tornou o processo mais doloroso.  E eles me entenderam porque só amigos verdadeiros entendem estes vexames. Eles entenderam que eu chorava não pelo cara, mas pela perda do valioso bem que foi embora, sem que eu nunca o tivesse tido. Passou. Está passando! 



 

Karina e André, este é pra vocês! Obrigada por estarem sempre comigo! Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até quando a vida permitir que dure! 


quarta-feira, junho 06, 2012

Eu sou uma farsa


Eu sei as coisas que gosto! Eu sei bem, cada uma delas. Eu gosto de ser livre, gosto de quem me deixa quieta sem muitas perguntas, gosto de dormir até tarde, gosto de receber e ver que minha grana vai dar pra pagar todas as presepadas acometidas. Gosto de moto, de vento, de mar, de cachoeira. Adoro o verão e sou doida pela lua.

No último ano, aprendi a gostar um pouco mais de mim. Foi um ano conturbado. Me envolvi em um relacionamento fadado ao fracasso, porque estava tudo uma merda mesmo, mas pelo menos que tinha com que me distrair – e fazer sexo!

Economizei dinheiro; realizei uma viagem sem planejamento nenhum, mas divertida; li coisas bacanas; bebi uma bela garrafa de vinho californiano, enquanto cantava Secos e Molhados; trabalhei feito uma camela e descobri que há dinheiro que não compensam; fui ao show do Morrissey sozinha e me achei a melhor companhia e, acima de tudo, fiquei muito sozinha.

Saca a solidão do processo de cura? De se voltar pra si próprio, de saber o que você precisa ou não em sua vida? Fiquei sozinha por bastante tempo , remoendo coisas, superando outras e pensando na pessoa que eu queria sair depois deste processo. Uma pessoa feliz com si própria, que não coloca o seu estado de espírito nas mãos de ninguém?

Pois é, eu achei que tinha conseguido isso. Achei mesmo, pô! Eu até troquei sexo por amores platônicos, porque vamos combinar, sexo é um lance superestimado!

Pois bem, bastou um, um cidadão me tratar um pouquinho melhor que os demais e, aparentemente, só pra me comer, que toda a minha construção de mulher moderna e livre ruiu! RUIU!

Que tipo de mulher moderna, que faz questão de pagar suas contas, que vai a shows e bares sozinha, que consegue fazer sexo com qualquer um sem se apaixonar, que trepa na primeira vez porque, se o cara não quiser vê-la mais por causa disse é ele que é um babaca e não ela que é uma vadia? Como alguém assim pode sucumbir a um pouco de carinho e atenção? Heim?

Só há uma resposta pra isso, duas talvez: eu sou uma rata e não uma mulher e eu sou uma rata carente! Achei que durante este período sabático teria realmente me deixado mais forte, mais senhora de mim, but NO NO NO, como já profetizou Amy!

O que isso significa? Que ainda não estou pronta, que ainda não consigo ser a pessoa que quero ser e tome mais abstinência de qualquer diversão por mais tempo. Porque eu quero e exijo ser uma fortaleza, eu exijo! É um mundo duro lá fora e, em minha opinião, só as rochas sobrevivem.

Estou tão cansada! Eu só queria estar certa sobre o caminho uma vez! Certa de primeira. Eu estou tão cansada e some-se a isso, me descubro uma farsa. Eu não quero ser uma farsa, não quero. Relacionamentos pra mim devem ser equilíbrio e não esta confusão de sentimentos. Ainda não posso, ainda não consigo! 


terça-feira, maio 15, 2012

E no meu mundo louco, Carolina Dieckmann é vítima e não vilã

Não, eu não vi a entrevista da Carola Dieckmann no Jornal Nacional porque estava fazendo coisa melhor – última aula do curso de literatura latina com o Juan Pablo Lindo Villalobos – sou superior!


Ai, eu chego hoje e está todo mundo jogando pedra na Geni do século 21. Então, eu queria entender só uma coisa. A mulher tira umas fotos peladas pro marido, por ignorância arrisca os dados na net – quem nunca – tem as fotos pessoais, íntimas, tiradas na privacidade do lar ou da puta que pariu roubadas. É chantageada, não sede à chantagem – o que eu acho ótimo porque chantagista é escória – e tem as fotos jogadas na net. O meu constrangimento aqui é o seguinte: por que o linchamento público e moral é DELA e NÃO dos criminosos que roubaram, chantagearam e publicaram as fotos ilegalmente? Por que é que as pessoas riem da cara dela, quando ela diz que se preocupou com o que o filho de 13 anos pensaria? Aliás, alguém consegue imaginar o que o infeliz tá passando na escola, porque criança sabe pegar pesado, né?  


A resposta é bem básica MACHISMO. É o mesmo princípio que leva gente a achar que mulher é estuprada porque não usou roupas "adequadas" e não porque o estuprador é um doente. Pra que esculachar os hackers chantagistas, se podemos colocar a mulher, que tem sua sexualidade resolvida, um marido bonito, atriz bem sucedida mais uma vez na fogueira? E sabe o que mais me mata, eu não vejo só homens tendo este tipo de atitude. Puta gentinha machista e recalcada!








quarta-feira, maio 09, 2012

Aos espíritos livres

Sou uma pessoa que tem suas crenças. Tenho minha religião, faço banho de descarrego, de proteção, bato cabeça para meus orixás, me visto de branco, dou passagem aos meus guias. É nisso que acredito, mas não só nisso.

Eu acredito na ciência. E por acreditar na ciência, me emociono ao saber que Galileu Galilei foi obrigado a negar comprovação da hipótese heliocêntrica de Copérnico, lutando sem êxito, contra o dogmatismo e a superstição que travavam o progresso da ciência naquele tempo. Duas vezes, Galileu foi obrigado pela Igreja Católica Apostólica Romana a decretar que as ideias de Copérnico eram falsas e que o Sol era quem girava ao redor da Terra.

Eu acredito na filosofia. E por acreditar na filosofia, me é tão forte a busca de Nietzsche pela origem do bem e do mal. E que esta busca seja realizada de uma forma imparcial, como ele evidencia no primeiro ensaio da obra: “(...) desejo que estes investigadores, que estudam a alma ao microscópio, sejam criaturas generosas e dignas, que saibam refrear o coração e sacrificar os seus desejos à verdade (...) ainda que simples, suja, repugnante, anticristã e imortal... porque tais verdades existem”.

Eu acredito em Platão e no “Mito da Caverna”. E por acreditar nisso, tenho “aletéia” tatuada em meu braço. Porque enquanto a pessoa fica passiva, presa às aparências, eu quero sempre ir além. Porque eu prefiro morrer, a ficar presa na ignorância, no limiar das aparências. Para se chegar à verdade, é preciso movimento, busca, conhecimento. As sombras, pra quem leu o texto, num resumo raso, é toda a realidade e toda a verdade para aqueles que não saem da caverna e se contentam em acreditar nelas. Eu quero ir além da caverna e por isso, não julgo a realidade dos outros pelo que acontece ao redor do meu próprio umbigo. A batalha da outa não é a minha e, acredite, são batalhas difíceis!

"A caverna subterrânea é o mundo visível. O fogo que ilumina é a luz do sol. O acorrentado que se eleva à região superior e a contempla, é a alma que se eleva ao mundo inteligível. É este pelo menos meu modo de pensar (minha verdade pessoal), que só a divindade pode saber se é verdadeiro (relatividade da verdade com relação à divindade). Quanto a mim, é como passo a dizer-te. Nas últimas fronteiras do mundo inteligível está a ideia do bem criador da luz e do sol no mundo visível, autora da Inteligência e da Verdade no mundo invisível e sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos levantados para agir com sabedoria nos negócios individuais e públicos." 
Eu acredito em direito. Mais que isso, acredito piamente em direitos civis e me agride profundamente quando vejo-os sendo desrespeitados por quem sequer tem bons argumentos.

“Os direitos civis referem-se às liberdades individuais, como o direito de ir e vir, de dispor do próprio corpo [interrupção de gravidez, eutanásia e até mesmo a liberdade de entupir a bunda de droga até morrer], o direito à vida, à liberdade de expressão, à propriedade, à igualdade perante a lei, a não ser julgado fora de um processo regular, a não ter o lar violado.

Esse grupo de direitos tem por objetivo garantir que o relacionamento entre as pessoas seja baseado na liberdade de escolha dos rumos de sua própria vida - por exemplo, definir a profissão, o local de moradia, a religião, a escola dos filhos, as viagens [novamente, escolher se é a melhor hora ou não para ter um filho, se quer ou não viver como um vegetal, se vai ou não ser mais feliz entupindo a bunda com droga] - e de ser respeitado por qualquer que seja a escolha, porque ela é individual, logo dispõe sobre como o “INDIVÍVIDUO’ prefere conduzir a própria vida! Não a vida do parceiro, não a vida da mãe, pai, avô, papa, periquito. É o que ela(e) quer pra vida! Por isso, direitos civis dizem respeito à liberdade de cada um e não à liberdade do outro.

Ter os direitos civis garantidos, portanto, deveria significar que todos fossem tratados em igualdade de condições perante as leis, o Estado e em qualquer situação social, independentemente de raça, condição econômica, religião, filiação, origem cultural, sexo, ou de opiniões e escolhas relativas à vida privada.” (EducaRede

Então me diz, por que diabos eu não posso viver num país em que, a decisão de uma mulher julgar apropriada ela ter um filho naquele momento tem que ser decidido por bilhões de pessoas que não têm ideia do que aquela diaba está passando na vida? E quando eu digo isso, estou me referindo a abandono por parte do pai, que nunca é punido, a não ter condições econômicas, a não ter condições psicológicas e, em última instância a simplemstente não querer.

E não me venha falar em pílula ou camisinha, porque eu não sou hipócrita em falar que TO-DAS as vezes nas quais eu tive uma relação sexual eu estava totalmente protegida. E quem nunca passou por isso e tiver coragem de atirar a primeira pedra, venha pro pau!

Eu quero sim viver num país onde eu possa decidir se quero continuar viva ou não, caso eu fique tetraplégica, ou não possa mais ganhar a vida como eu ganho, escrevendo, porque eu acho realmente que eu me sentiria menos digna sem a minha profissão. E foda-se, se na sua opinião, eu pareça uma fraca. Forte é você saber o que é melhor pra sua vida.

Tem gente que tem uma vida de merda e se mata de se drogar porque jura que desta maneira as coisas parecem melhores. Quem sou eu para julgar isso? É a vida dela, não são as minhas dores, eu não posso interferir nisso. O mínimo que eu posso querer é um Estado que se coprometa em ampará-la no momento em que ela quiser parar com isso e não conseguir.

É este o mundo no qual quero viver. Porque eu não quero que ninguém aponte a merdinha do dedo indicador pra dizer o que é melhor pra vida vida, baseados em uma moral falida e em dogmas religiosos que mataram milhões em fogueiras.

Então, eu sou a favor da interrupção da gravidez, sou a favor da eutanásia, sou a favor de os gays terem os mesmos direitos dos heterossexuais no quesito casamento, sou a favor de um Estado laico, porque religião é escolha pessoal e por isso não deve interferir nas decisões individuais das pessoas. E é o Estado quem deve garantir isso. Então, bebê, se você se sente ofendido com o que eu posto na porcaria do Facebook, no Twitter, na conchichina, sobre estas questões, simplesmente me deixe!

Porque, desculpe, na minha opinião a minha luta é maior que a sua. Eu luto e acredito num mundo em que você, por exemplo, engravide e, mesmo julgando não ser o momento, possa dar continuidade à sua gravidez por seja lá quais motivos você tiver; enquanto outra mulher, na mesma situação, tenha a opção de interrompê-la pelos motivos que ela tiver, amparada pelo Estado, independente de ela ter dinheiro ou não para fazer isso de uma forma segura, como acontece hoje. 

Pelo direito de decidir sempre! 



quarta-feira, abril 04, 2012

Um respiro

Às vezes me sinto tomada por uma total falta de esperança, descrença, tédio. O mundo inteiro me parece chato, enfadonho. E não sou arrogante a ponto de pensar que o problema é com os outros, que eles não são bons o suficiente pra mim. Sei o peso de minha responsabilidade sobre estas sensações.

Então eu me fecho, me entrego a mim mesma, questiono, pergunto, penso e repenso em mil coisas feitas e em mais mil maneiras de fazer diferente, e em todos os resultados possíveis. E eu leio como se não houvesse amanhã e tivesse que ler tudo hoje. E só livros que me provocam, capazes de me fazerem uma revolução. E é sempre um processo solitário e difícil olhar pra dentro de si mesmo, mas também é reparador.

É reparador porque cada vez que sub Às vezes me sinto tomada por uma total falta de esperança, descrença, tédio. O mundo inteiro me parece chato, enfadonho. E não sou arrogante a ponto de pensar que o problema é com os outros, que eles não são bons o suficiente pra mim. Sei o peso de minha responsabilidade sobre estas sensações.

E então eu passo a amar de novo e amo acima de tudo as pessoas que, dê alguma maneira, foram meus oásis nos momentos de questionamentos. Que mesmo eu estando inserida num árido cotidiano, me ajudaram a pensar, me fizeram rir, me provocaram, me mostraram outros pontos de vista, me estenderam as mãos nos momentos de fraqueza, me ensinaram coisas novas, me deram um respiro, me fizeram acreditar que apesar de estar foda, o processo sempre pode ser divertido, se estamos do lado das pessoas certas.

Eles não estão sempre comigo e é provável que com muitos eu não cruze mais nesta vida, mas em algum momento, eles ajudaram a oxigenar minha existência, a torná-la mais leve, tenha sido por conta de um e-mail no meio da tarde, uma piada que só a gente entende, uma tarde best de sol, ouvindo música e falando merda, um domingo sentado na Paulista olhando pro nada e pensando na vida, um show de punk daqueles de lavar a alma. Tenho sorte de cruzar com pessoas assim, de vez em quando. E tome a vida o caminho que ela tiver que seguir, estas pessoas me ensinaram algo, me mostraram uma alternativa, me deram um respiro e sou grata, imensamente grata a todas elas.


segunda-feira, janeiro 23, 2012

Aos meus fantasmas...

Hoje encontrei dentro de um livro uma velha carta amarelecida,
Rasguei-a sem procurar ao menos saber de quem seria...
Eu tenho um medo
Horrível
A essas marés montantes do passado,
Com suas quilhas afundadas, com
Meus sucessivos cadáveres amarrados aos mastros e gáveas...
Ai de mim,
Ai de ti, ó velho mar profundo,
Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios! (Mário Quintana)