sexta-feira, janeiro 28, 2011

Como uma pedra que rola

Talvez não seja a primeira vez que uso a música do Bob Dylan pra dizer como me sinto por aqui. Tenho certeza que já fiz isso antes. Porém, como diz de maneira extremamente cruel e verdadeira a vida "é o eterno retorno do mesmo". Não tenho dúvidas de que andamos em círculos constantemente.

Então, cá estou, novamente perdida, em uma nova cidade, sozinha e tendo que escolher entre fazer o que gosto, ou deixar minha mãe sozinha em um momento que sei o quanto preciso estar do lado dela.

Este dilema sempre me perseguiu. Foi quando eu me mudei para Bauru, para estudar; foi assim quando eu saí de casa pra morar com o primeiro namorado; foi assim quando me mudei para Araraquara. Mas em nenhum destes episódios eu senti tanto por deixar minha mãe. Sinto que ela precisa tanto de mim e talvez, verdade seja dita, eu também quero estar perto dela.

Mas dinheiro não dá em árvore, nem emprego e eu gosto de escrever, e eu adoro uma redação cheia de gente louca, e eu adoro ver o trabalho impresso depois e é a única coisa que eu sei fazer na vida e não tem outra coisa que eu queira.

E é nesta hora que o som toca alto na minha cabeça:

"How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
A complete unknown
Just like a rolling stone?"

Eu não sei como devo aproveitar o momento: agradecer por poder fazer o que gosto, ou me ver novamente sozinha, tendo que reconstruir mais um lar, em meio a tantos já perdidos. Estou alegre, estou triste, estou apenas deixando a coisa toda rolar!


Obs: O Uni, meu amigo irmão que descolou o emprego pra mim, acabou de me dar o livro "On The Road", do Jack Kerouak. Na capa, uma declaração de Dylan - "Este livro mudou a minha vida". Bem apropriado para o momento, não? Fazia tempo que eu queria ler este Kerouak, vou fazê-lo agora, com a licença de quem ainda passa aqui pra ler!

quarta-feira, janeiro 26, 2011

Sob supervisão

Psicoterapia: tratamento de distúrbios ou doenças psicológicas por meio da discussão dos problemas do paciente, da sugestão, tranquilização etc, sem recorrer a medicamentos.

Hoje eu voltei ao meu primeiro terapeuta, estava precisada, muito precisada. Me fez lembrar de muitas coisas, desde a ida para Araraquara, até o meu retorno, agora, completamente sem forças e sem acreditar em nada.

Em meio às dores todas ditas ali, de uma vez, algumas coisas boas vieram a minha cabeça.

Mo final das contas, eu sou corajosa. Fiz muita coisa na minha vida sozinha, sem o apoio de ninguém, por minha própria conta e risco. Me dei bem, me dei mal, mas, se o caminho é meu, sou eu que tenho que caminhá-lo, certo?

Outra coisa que eu não tinha, quando comecei a terapia, e hoje é completamente diferente. Eu tenho amor próprio e é muito bom a gente se gostar, porque percebemos o que nos faz bem, o que nos fal mal e optamos pelo primeiro. Afinal, até que se prove o contrário, eu só passarei por aqui uma vez, então, se a pessoa tem algo de bom pra me dizer, ou fazer por mim, não tem que perder a oportunidade. É agora ou nunca!

Terceiro e último, eu sou uma pessoa autêntica e a merda do sistema odeia pessoas assim. Já pensei várias vezes que eu deveria me enquadrar mais, ter uma atitude mais pacata, mas não dá. A gente tem que ser sincero com nós mesmos para poder ter o mínimo de felicidade. Então, eu vou continuar falando o que penso, vestindo as roupas que eu gosto, me apaixonando em hora inapropriada, porque apesar de desejar muito a racionalidade, eu sou extremamente passional e é assim, sentindo o sangue pulsar nas minhas veias, que eu gosto de viver!

Porque o amor não escolhe hora, mas deveria...

Eu fugi! Confesso que me interessei demais por uma pessoa e, num momento de cagaço, aliado ao fato de ele também não ter ajudado muito, eu fugi. Me acovardei e eu NÃO faço isso facilmente.

Fugi porque ele parecia perfeito, porque ele tem o tipo de conversa que eu gosto, porque tem um sorriso lindo e um beijo encantador. Fugi porque este tipo de coisa vicia rápido, faz a gente querer mais o tempo todo e ele não está pronto pra isso. E se eu tenho medo, também não estou pronto, mas eu queria estar.

Então a estratégia é esta: apagar os vestígios, não ligar mais - eu liguei duas vezes e ele não estava disponível. Pior que eu entendo, quando estou mal, nem sempre quero falar. Mas não gosto de questões mal resolvidas. Quando depende de mim, todas os pontos finais são colocados em seus devidos lugares, para que eu possa continuar a caminhar em paz, sossegada, feliz!

Já não está mais comigo. E se tudo o que pensei, senti, desejei foram apenas coisas boas, que eu cosiga me desligar disso também com uma lembrança boa, a lembrança de que apesar de todas as pedras, ainda existe amor para eu dar. Só falta encontrar quem queira!

Esta é minha despedida pra você, punk da periferia! Foi bom me sentir viva deste jeito, como há muito tempo não me sentia.

sexta-feira, janeiro 21, 2011

A Minha Maria Alice Vergueiro X A Minha Macabéa

Eu gosto de horóscopo. Eu leio todos os dias. Eu também vou a cartomantes; rituais xamânicos; retiros budistas; sou umbandista, acredito na força dos orixás; tomo florais, quando tenho dinheiro. Enfim, eu tenho ser um ser humano melhor, simplesmente porque eu acho que posso sê-lo. Então, eu faço tudo isso porque eu sou meio hipponga, aquariana, e por natureza, avessa a práticas tradicionais de encontrar Deus, paz interior, serenidade etc.

Hoje, comecei a manhã fazendo planos para os próximos dias e, como de praxe, fui ler meu horóscopo. Achei que passaria raiva, afinal, estou em meu inferno astral, MAS não. Olha só o que diz.

"Há, neste período, uma espécie de "desacordo" entre cabeça e coração. A razão determina um caminho, mas o emocional quer outra coisa. Não chega a ser nada grave, Luciana (mentira, é grave), mas tão somente um momento de indefinições temporárias e de acentuação de contradições. As escolhas mais adequadas ficarão mais claras ao final deste período (29/1 - dois dias antes do meu aniversário), por isso até lá não se preocupe tanto em tomar atitudes. Deixe a coisa cozinhando dentro de você, até que a certeza se manifeste".

Eu quase chorei de emoção. Porque de fato, sinto a minha cabeça na lua e meus pés dentro de um riacho que corre sabe-se lá pra onde. E eu sempre odiei isso. Eu sempre fico péssima quando a minha racionalidade desbunda e começa a brigar com as minhas emoções. Eu queria ter ou uma coisa, ou outra, as duas coisas juntas não dá.

Eu fico em pânico. E apesar de acreditar em tudo o que eu disse e tentar ser uma pessoa melhor, quando estou dispirocada deste jeito eu só sofro. E eu odeio sofrimento, afinal, aprendi no Budismo que nós estamos aqui para sermos felizes. Não é fácil, MAS eu tento.

O problema maior disso tudo é que eu me sinto cansada, sem energia, pertubada, insegura eEU NÃO SOU ASSIM! Eu sou uma pesssoa analisada o que me serviu pra duas coisas: me tornar a pessoa mais corajosa e livre que conheço e ter um cadinho de autoestima.

Ai, eu entro numas de misturar o lance das virtudes gregas versus as paixões que tiram a nossa razão. Um adendo: eu sou completamente a favor da razão, mas quando em crise, as malditas paixões me dominam com uma facilidade impressionante. Ai, tá muito confuso?

Bom, pra facilitar: eu me sinto dentro da história de "Jekyll & Hyde - O Médico e o Monstro", de Robert Louis Stevenson, só que numa versão mais tupiniquim, ou mais tropicália. Eu sinto que sou a Maria Alice Vergueiro, dando um tapa na pantera sem pudor nenhum e, de uma hora para a outra, me transformo na acanhada Macabéa. Aliás, se eu tivesse que personificar meu diagnóstico de bipolaridade, esta seria a imagem:

MINHAS DUAS FACETAS

Diante das previsões para os próximos dias e minha incoerência psíquica do momento, resolvi me isolar do mundo. Na verdade, eu queria ficar fora por uns dez anos, mas como querer não é poder, me isolarei até a metade da semana que vem, pelo menos. Vou deixar as coisas cozinharem dentro de mim pra ver se me fortaleço, ou se me jogo na lama do fundo do poço de vez!

De todo este dramalhão que me é peculiar, a única coisa que eu espero é me sentir melhor e um pouco mais equilibrada Eu preciso!

quinta-feira, janeiro 20, 2011

Eu estou fora de ordem...

Gente, fudeu! Eu preciso ser monitorada urgentemente, ou seja, preciso voltar à terapia. Já está marcada para quarta-feira. Enquanto isso, vou ao Inferno amanhã, depois vou a Araraquara, porque haverá trabalho na mata - eu virei umbandista e eu preciso ir até lá neste domingo! Na volta, paro em Americana para ver meu querido amigo Uni, que sempre fala a coisa certa, que eu preciso escutar!

Por exemplo? Por exemplo, ontem eu bebi demais da conta, tinha saído com um punk que é a minha cara - diz ai, eu sair com um punk não é a minha cara? - e eu dei. Eu dei mesmo no primeiro encontro. Dei, eu queria, estava com vontade, não é a primeira vez que faço isso. Aí, hoje, eu acordei mal porque, na verdade, dar estando bêbada, não é uma boa idéia. Ainda mais para alguém que é bipolar e toma remédios controlados.

Conclusão: serotonina baixa, raiva por não ter segurado a periquita - eu queria aproveitar mais - angústia, taquicardia, pânico, raiva porque eu não arrumo o emprego com dignidade - só arrumo aqueles que não oferecem isso. Enfim, um dia péssimo.

Ai, meu amigo Uni me liga e me diz que se está tudo uma merda, pelo menos eu dei e me diverti. "Antes o punk que a terra". Digam, não é maravilhoso ter um amigo como este? O dia até ficou mais iluminado.

Ai, eu me animei, liguei para o meu ex terapeuta, Joel Katz, marquei consulta; depois um outro amigo, Hermes Canuto me ligou pra dizer que a namorada está surtada a ponto de se enternar. Fiquei feliz, antes ela do que eu!

E assim é! Eu estou me sentindo completamente fora de ordem, mas poderia ser pior. Eu poderia morar numa área de risco, poderia ter batido as botas na região serrana do Rio, poderia estar em um subemprego, mas ainda mantenho minha dignidade em relação a isso, e com ressaca moral, ou não, ainda tem quem me coma! Vou reclamar de que, não é mesmo?

sexta-feira, janeiro 14, 2011

Eu quero viver minha depressão em paz

Oi, pessoas que, mesmo comigo não escrevendo há tempos, ainda me mandam notícias.

Espero que todos tenham começado o ano de maneira maravilhosa. O meu tá uma bosta, eu achei que ano novo, década nova, tudo de bom aconteceria num passe de mágica. Não, não é assim!

As novidades, bom, a coisa que mais roguei a Deus que não acontecesse, aconteceu. Voltei a morar com a minha mãe e irmão. Mais especificamente com o último, que é um maconheiro sujo, que se entope de farinha de maracujá, de berinjela e quinoa, mas no final das contas é um grosso!

Estou sem emprego, quer dizer, arrumei dois aqui em Sampa, mas como eles pagavam uma miséria, desisti. Ainda me resta um pouco de dignidade na vida e eu não trabalho em lugares onde eu não possa pagar minhas próprias contas!

Acontece que da fase bipolar, atualmente me encontro deprimida. Sim, porque eu acordo, mando currículos, troco a areia do gato, recolho as bostas dos cachorros, limpo o quintal, e este ciclo se repete pelo menos mais duas vezes por dia, desde a manhã até o anoitecer.

Quem não estaria depressiva com isso? Heim? Mas o que acontece? Estou na casa de minha mães, que apesar de vir pra cá somente na folga, me monitora de longe.

Liga pra saber se eu tomei café! Gente, eu não tomo café quando estou ruim! Liga pra saber se eu já levantei. Gente, eu nem tomaria banho, se tivesse escolha nesta fase. Isso se chama inibição psicomotora. Minha melhor amiga, quando estou deprimida é a cama, mas NINGUÉM ENTENDE ISSO.

E outra, tá todo mundo morrendo afogado por ai, fala-me o favor. Eu não consigo ser feliz com isso. Sem emprego, recolhendo bosta, o irmão falando que eu estou parasitando - ele me paga por isso. Cara, eu sinto muita falta de morar sozinha e poder curtir minhas insanidades do jeito que EU quero. Afinal, elas são minhas, não são?

Mas tudo bem, levantei, vou fazer tudo o que eu disse, tomarei um banho doloroso e tentarei me arrastar para qualquer lugar para que minha mãe fique feliz em saber que eu saí, que eu reagi, que eu saltei da cama.

Se eu encontrar alguma enchente no meio do caminho, juro que me jogo, heim?