No final de semana passado, fui ao teatro assistir à peça "Antes de a Coisa Toda Começar", da Armazém Companhia de Teatro, grupo do qual já tinha me apaixonado completamente na peça "Inveja dos Anjos", visto na morada do sol.
Além da música ao vivo, com destaque para composições de Lou Reed e Beatles, interpretadas pela sensacional Rosana Stavis, o que eu gosto no trabalho da cia. é a maneira como constrói diálogos que ficam martelando em nossa cabeça, ou pelo menos na minha.
Neste trabalho, um dos primeiros diálogos que gostei é o que chama a atenção para o fato de as palavras estarem "envenenadas" e corrompidas pela política, pela igreja, pela publicidade.
Isso me incomoda profundamente. Desde que me conheço por gente, a escrita sempre sempre foi a maneira de me expressar e me comunicar com os outros. As palavras escritas sempre foram libertadoras, salvadoras, generosas com a minha pessoa, por permitirem fazer de mim a pessoa que sou e gosto de ser.
Por isso, quando vejo as palavras serem utilizadas de forma mentirosa, agressiva isso chega de maneira muito dolorosa até mim. Porque palavras são poderosas, porque no princípio era o verbo. Que coisa mais forte que isso? O verbo, ação, criação.
Amo as palavras, amo quando o que eu digo faz todo o sentido em relação ao que penso, sinto e vivo. A minha coerência! Eu não desperdiço palavras!
Além das palavras, gostei muito da peça, quando Zoe, a garota apaixonada pelo irmão interpretada por Patrícia Selonk diz desejar o que é melhor para ela própria e para os seus amigos.
Porra, eu achei tão bacana isso. Porque eu desejo mesmo o melhor aos meus amigos, por mais que nossos caminhos estejam distantes. Por quê? Porque como a personagem, me dói ver pessoas que eu amo abdicando de sonhos, crenças, do que fazem eles serem quem são.
Eu odeio ver meus amigos fazendo isso pelos mais diferentes motivos. Eu odeio quando percebo que eles estão com alguém, não porque amam, mas por comodidade. Eu odeio quando eles se submetem a empregos escravos e viram uns cagões defendendo seus suas atividades medíocres - não todos, mas alguns que vejo fazendo isso, são aqueles que viviam dizendo - palavras ao vento - o quanto eram "revolucionários", fodões, corajosos!
Eu não me conformo com isso. Eu não quero que morram entregues a coisas que não acreditam por mera questão de sobrevivência, que matem suas crenças, seus ideais. Eu quero eles pulsando e lutando por uma vida menos ordinária.
Eu quero o melhor aos meus amigos, eu quero todos vivos, eu quero eles todos corajosos, porque o medo mata o verbo, acaba com a ação. E sem ação, a gente não tem vida!
Um comentário:
Amiga! Vc é demais! Adorei esse post!
Bjao!
Karina
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