terça-feira, julho 10, 2012

A gente não perde o que nunca teve (será)?

Tenho dois amigos queridos. Um menino e uma menina. Nossa amizade tem 18 anos, é uma amizade adolescente, como costuma dizer a menina! Devaneios à parte, literariamente eu juro que isso tem outro nome, mas não lembro agora. O fato é que somente eles conhecem algumas de minhas mais tristes facetas, no caso a de romântica inconsolável.

Por quê? Bom, primeiro porque eu não me considero romântica. Me incomoda deveras todo o blablabla que as pessoas românticas inventam para explicar os percalços e conquistas amorosas. Eu acho um saco. Prefiro ser prática. Deu, que ótimo. Não rolou, vamos ao próximo. Porém, vez ou outra, fraquejo!

E desta vez eu sucumbi em meio a um tremendo rega-bofe. Sexta-feira, saímos para comemorar o aniversário adiantado do menino. Comemos horrores e daí chegou a hora em que nosso clube invariavelmente vira o filme “O clube dos cinco”, mas só com três, e começamos a falar de todas as pedras encontradas no meio do caminho!

Pausa dramática. Eu respiro e digo: “eu conheci um cara tão legal! Inacreditavelmente legal. Ele não me disse grosserias – eu não sei porque, são os sinais tortos que emito, mas os homens pensam que podem falar qualquer bobagem pra mim. Pois é, ele não disse. E ele gosta de Ramones, Bowie, e é divertido, e quer fazer curso de desenho, e está procurando trabalho voluntário, e é espiritualizado, gentil, e me fez rir, e ele sorriu com o que eu disse, e ele é bonito, e beija bem pra caralho, e trepa exatamente do jeito que eu gosto. E nos vimos somente duas vezes, e eu costumava amá-lo, mas tive que matá-lo”.

Bom, foi mais ou menos isso. Sabe-se lá por qual motivo, razão, ou circunstância - não perdi tempo tentando entender porque sou prática a maior parte do tempo - um dia eu recebi como resposta a um convite bem desencanado o seguinte torpedinho: “este não é o melhor jeito de fazer as coisas, é o jeito mais covarde, você é uma pessoa bacana, mas eu acho que a gente pode ser só amigo”. HEIM?

Bom, esta resposta veio meio tarde. Mais precisamente um dia depois de eu ter faltado ao trabalho porque acordei surtada, sem a menor condição de sair de casa porque eu precisava chorar. Eu precisava chorar horrores, desesperadamente, como se não houvesse amanhã. Aliado ao choro descompensado, tomei 12 comprimidinhos de Fluoxetina que eu mantinha guardado para casos emergenciais numa caixinha escondida.  Pensei em beber, mas não fiz, porque como sou prática, achei que se sobrevivesse, eu mesma teria que limpar meu próprio vômito.Dormi, e quando acordei viva, quase 12 horas depois, fui à terapia me martirizar mais um pouquinho.

E tudo isso por que eu me apaixonei loucamente por um cara que vi somente duas vezes? NÃO! Tudo isso porque o mundo está miseravelmente desinteressante. E pra todo lugar que você se vira, é só gente falando de bunda, peito, o último modelo mega power de celular, o carro do ano, o quanto se gasta numa balada só com bebida. E isso é chato, é cansativo, é tão longe do que eu realmente aprecio nas pessoas!

Ai, aparece alguém que não fala de nada disso. Pelo contrário, ele diz coisas que você gostou de ouvir, de compartilhar. Alguém que faz o tempo passar voando, e sei lá por qual cilada do destino – eu sou prática, volto a repetir – a coisa toda simplesmente não decola.

Não foi a dor de ter perdido uma paixão avassaladora. Foi a dor do que poderia ter sido construído. O milhão de possibilidades perdidas. As boas histórias que só duas pessoas com afinidades conseguem  vivenciar! O tremor que o amor pode ocasionar a um coração e alma aparentemente apaziguados.

Porém, a pergunta que não me deixa em paz é: sabe quanto tempo eu terei que andar por ai, neste deserto horripilante de pessoas interessantes até eu encontrar outro cara como este? Só de pensar, tenho vontade de tomar mais Fluoxetina, mas acabei com meu estoque no famigerado dia já citado.

Então, eu contei tudo isso aos meus bons e velhos amigos, após uma sessão tortuosa de comilança, em meio a um restaurante cheio e com os olhos cheios d’água. E sem álcool, o que tornou o processo mais doloroso.  E eles me entenderam porque só amigos verdadeiros entendem estes vexames. Eles entenderam que eu chorava não pelo cara, mas pela perda do valioso bem que foi embora, sem que eu nunca o tivesse tido. Passou. Está passando! 



 

Karina e André, este é pra vocês! Obrigada por estarem sempre comigo! Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até quando a vida permitir que dure! 


10 comentários:

Anônimo disse...

eh lola viu. de novo apaixonada? vc nao toma jeito. vc só nao se apaixona por mim.

bom, assisti a um filme e o achei parecido com vc. ta na mostra do cinema latino, foi abertura no memorial mas parece que passa essa semana de novo no cinesec.
"Um mundo secreto"
fui tentar te encontrar "ao acaso" no mis no dia citado. um monte de gente descolada entretida, eu sozinho, uma muvuca, aquilo foi me empacotando e eu me mandei.
a coisncidencia foi que parece que o tema da exposição por la era um movimento em cima dos carroceiros e antes de ser convidado a ir la eu por acaso vi de relance uma materia que mostrava esse movimento nas ruas..dai pensei.. po. legal! ta tudo tao igual, sempre inventam as mesmas coisas tava na hora de inventarem algo novo, e legal. e pensaram em chamar os tais carroceiros., etc. e quando pensei nisso havia pensado tb que a lola ia gostar disso.

Meja disse...

Você disse que havia piorado neste tempo, mas estou achando você uma graça. Então, no quesito graça, você melhorou consideravelmente, não seja injusto com sua pessoa.
Eu não acredito que você foi no MIS e não te vi. Eu cheguei lá às quatro e meia e fiquei pouco porque é um mundo descolado demais para mim. O que salvou a noite foi um amigo meu que estava lá contando causos de quando ele namorou uma garota de programa.
VocÊ me deixou curiosa sobre o filme, fala sobre o quê? Se rolar num horário que eu consiga ver, vou assistir. A gente trocava boas conversas sobre filmes.
Beijo

Anônimo disse...

cheguei mais ou menos nesse horario tb. a tarde estava linda...todo mundo procurando um lugar ao sol..nunca mais fui no mis, depois da "reforma". tiveram uma boa ideia de "anexar" o mube. coisa que ue acho que não existia antes. mas agora aquele lugar ta bombando, logo que cheguei sabia que nao era para mim ao ver uma fila imensa na porta. tenho tido muita dificuldade em encarar multidões, coisa que pra mim no passado era natural. mas estacionei a moto e rodeei o local, bem as margens mesmo na tentativa de que sei la, eu tee visse, vc me visse e alguma coisa acontecesse, de preferencia coisa boa. plantei no ponto de onibus, virado para o agito até quanto eu pude. a seguir desapareci pela augusta, tentando deixar pra tras o cheiro de oleo queimado e todos meus pensamentos ruins. (não consegui nem uma coisa nem outra).
sabe lola, as vezes eu acho que quero muito te encontrar. porque eu te admiro. eu penso no seu jeito de ser. eu imagino o seu jeito de ser porque eu nao te conheço. talvez eu idealize vc. então eu tenho medo de vc. eu tenho medo de encontrar vc e não dar certo porque eu admiro vc e idealizo. talvez eu nao goste de vc e isso me da medo tb porque eu gostaria de inaugurar uma nova vida e gostaria que essa vida fosse com vc. gostaria que vc fosse primeira pessoa a entrar numa nova vida. isso porque eu admiro certas coisas que vc diz, e tb coisas que vc foi ou cosas que vc fez. são coisas que eu tb gostaria de ter feito..ou ter feito ao seu lado. só que tudo issotalvez eu pudesse ter feito ao lado de zilhoes de pessoas ou mulheres. é que a forma como vc decreve essas coisa é que parece se alinhar a um sentimento, a minha filosofia de vida. nao sei..posso ta falando merda. muitas vezes eu escrevo algo passa algum tempo e acho meio ridiculo, pra escrever eu sempre fui assim. (mas tb escrevo coisas legais as vezes, acredito) mas eu ja queria dizer isso nao é de hoje e tudo bem o depois. quando digo qu wepoderia fazer isso ou aquilo com zilhoes de pessoas digo isso pra explicar que nao seria a mesma coisa comparando com zilhoes de pessoas. por exemplo: uma vez imaginamos uma chuva imensa tao imensa que não houvesse ninguem fora de casa e sairiamos nus na rua, etc, etc. é claro que isso é uma coisa legal pra se fazer com um monte de gente. mas com vc eu sinto que seria um outro tipo de experiencia. claro , uma poesia tb mas não apenas isso. uma vez eu soube comigo que é muito facil vc fabricar boas lembranças pelo simples fato de que eu tenho (ou ja tive) a coragem de fazer as coisas (e tb as coisas mais banais) por um viés diferente. para mim, isso por si joga uma experiencia cotidiana numa sacola de boas lembranças. vc ter a coragem de sair da mesmice, vc fabricar uma vida, inventa-la e se reiventar. sempre tive essa impressão de mim. e tenho essa impressão de vc. mas hoje eu pago um custo alto por pensar assim. o que chama a atencao nas coisas que vc escreve, sua vida, é que vc tem uma coragem desarmada. uma capacidade de aceitar. vc ta preparada pra apanhar e isso me emociona. uma moça, uma mulher preparada pra entrar nua debaixo de um diluvio, não pra poder contar para os outros, mas para poder ver aquilo e depois contar pra sim mesma.

Anônimo disse...

nao sei se essa era a forma que gostaria ter escrito. nao sei se era isso, ou só isso que eu queria dizer (olha que andei pensando, andei ensaiando mentalmente perdido por ai). mas saiu assim, tudo bem.
ps. ja que abri um pouquinho meu coração e tb que conheço seu trabalho, te convido para conhecer meu trabalho, uma corda, um cordão que me liga ao meu passado. www.arteplano.xpg.com.br (desculpe, nao lembro se vc ja conhecia)
ps. não esqueci o passeio ao ceu, apenas estou ocupado ( e como disse, com um pouco de medo)

Anônimo disse...

putz. vc me perguntou do filme. nao sei se eu entendi totalmente o filme, sobretudo o final. é a estoria de uma garota 18 anos que mora na cidade do mexico e tem uma vida vazia. ela resolve sair numa viagem em busca do mar (parece que nao conhecia). uma viagem assim, sem nenhum planejamento, sozinha. é isso.
este filme abriu o 7 festival de cine latino americano. (ai, tava lotado) no memorial. vai passar de novo quinta no cinesesc as 19, segunta no cinusp 19. mas tem bastante outros filmes que parecem bons. programação completa no www.memorial.org.br

Meja disse...

Agora sim fomos surpreendidos, Batman!
O e-mail de contato no seu site é o que usa normalmente? Eu te mandei uma mensagem pra lá. Se não for, me avisa.
Beijo

Anônimo disse...

aquele e mail ta valendo. vou la ler

Meja disse...

Putz, tá meio mal escrito porque fiz enquanto minha sobrinha dormia. Desculpa, mas é tudo bem sincero.

Mari disse...

Lola, cheguei aqui por um comentário seu em outro blog (sou meio viciada em leituras de blog... rsrsrs) e o primeiro texto q li foi esse. Na mesma hora pensei: "meu Deus... ela leu minha mente?" Passei quase pela mesma seituação há pouquíssimos dias... digo "quase" pois não chegamos nem aos beijos, mas o mocinho estava dando todas as dicas de q este seria o final (convites pra sair, conversas por horas e horas a sós, fazia questão da companhia... enfim) até q um dia ouvi um "não se encante por aquilo q não é o seu encanto" (forma sutil de dizer: to fora). Perdi o chão, deprimi total, por uma pessoa q eu mal conheço e q nem chegou a ser... Realmente senti falta de tudo o q poderia ter sido! Já adicionei seu blog ao meu Google Reader. Gostei! Beijão

Meja disse...

Oi, Mari
Eu gosto muito de blogs também. Eu costumo dizer ao meu terapeuta que do lado de fora do consultório as coisas estão bem difíceis neste quesito e acho que não tem muito o que fazer, não é? A gente só fica meio perdida, achando que o problema é nosso, e pode ou não ser. No fundo eu acho que o mundo todo está bem perdido e com preguiça de se relacionar. Bom, quem perde são eles. Pra mim, é sempre bom fazer boas apostas.
Tentei encontrar um texto do Xico Sá pra postar aqui pra você que fala super bem disso, mas não encontrei. Se achar, coloco. Beijo!