Espaço criado para analisar a sociedade em geral, tendo como conhecimento empírico minhas tragédias pessoais e a farsa de que sou uma pessoa perfeita e toda a humanidade é puro desperdício de existência. No fundo, todos nós achamos que estamos certos e o resto do mundo é que se comporta mal, mas não temos coragem de expor isso. Bem, como não tenho mais nada a perder, vamos ver até onde vou. Egocêntrica e narcisista? Não importa: Freud explica!
A mesma conversa que rendeu o post anterior agora dá origem
a este. Acho incrível o movimento de rotação da Terra. Eu não sei se é
responsabilidade de Deus, ou mero capricho do universo. O fato é que a cada dia
que nasce, ganhamos de Gaia a oportunidade de recomeçar - momento Arembepe.
E se a Terra, que é imensa, pode nos dar esta demonstração
de generosidade, por que nós não faríamos isso por um amigo, por um amor que que apareceu num momento errado, por nós mesmos?
E sim, há o medo, há a confiança a ser reconquistada, não é
um caminho fácil. Exige coragem e coração grande. Exige disposição e vontade de
pagar pra ver. Porque sempre pode ser a mesma merda, como da primeira vez, o que é frustrante.
Também pode ser pior, afinal, pra pior não há limite. Mas, acima de tudo, às vezes, uma segunda chance é a
única coisa que precisamos pra fazer tudo diferente e melhor. Eu sempre pago
pra ver!
Tenho dois amigos queridos. Um
menino e uma menina. Nossa amizade tem 18 anos, é uma amizade adolescente, como
costuma dizer a menina! Devaneios à parte, literariamente eu juro que isso tem
outro nome, mas não lembro agora. O fato é que somente eles conhecem algumas de
minhas mais tristes facetas, no caso a de romântica inconsolável.
Por quê? Bom, primeiro porque eu
não me considero romântica. Me incomoda deveras todo o blablabla que as pessoas
românticas inventam para explicar os percalços e conquistas amorosas. Eu acho
um saco. Prefiro ser prática. Deu, que ótimo. Não rolou, vamos ao próximo.
Porém, vez ou outra, fraquejo!
E desta vez eu sucumbi em meio a
um tremendo rega-bofe. Sexta-feira, saímos para comemorar o aniversário
adiantado do menino. Comemos horrores e daí chegou a hora em que nosso clube invariavelmente
vira o filme “O clube dos cinco”, mas só com três, e começamos a falar de todas as pedras
encontradas no meio do caminho!
Pausa dramática. Eu respiro e
digo: “eu conheci um cara tão legal! Inacreditavelmente legal. Ele não me disse
grosserias – eu não sei porque, são os sinais tortos que emito, mas os homens
pensam que podem falar qualquer bobagem pra mim. Pois é, ele não disse. E ele
gosta de Ramones, Bowie, e é divertido, e quer fazer curso de desenho, e está
procurando trabalho voluntário, e é espiritualizado, gentil, e me fez rir, e ele sorriu com o
que eu disse, e ele é bonito, e beija bem pra caralho, e trepa exatamente do
jeito que eu gosto. E nos vimos somente duas vezes, e eu costumava amá-lo, mas
tive que matá-lo”.
Bom, foi mais ou menos isso.
Sabe-se lá por qual motivo, razão, ou circunstância - não perdi tempo tentando
entender porque sou prática a maior parte do tempo - um dia eu recebi como
resposta a um convite bem desencanado o seguinte torpedinho: “este não é o
melhor jeito de fazer as coisas, é o jeito mais covarde, você é uma pessoa
bacana, mas eu acho que a gente pode ser só amigo”. HEIM?
Bom, esta resposta veio meio
tarde. Mais precisamente um dia depois de eu ter faltado ao trabalho porque
acordei surtada, sem a menor condição de sair de casa porque eu precisava
chorar. Eu precisava chorar horrores, desesperadamente, como se não houvesse
amanhã. Aliado ao choro descompensado, tomei 12 comprimidinhos de Fluoxetina
que eu mantinha guardado para casos emergenciais numa caixinha escondida. Pensei em beber, mas não fiz, porque como sou prática, achei que se sobrevivesse, eu mesma teria que limpar meu próprio vômito.Dormi, e quando acordei viva, quase 12 horas depois, fui à terapia me
martirizar mais um pouquinho.
E tudo isso por que eu me
apaixonei loucamente por um cara que vi somente duas vezes? NÃO! Tudo isso
porque o mundo está miseravelmente desinteressante. E pra todo lugar que você
se vira, é só gente falando de bunda, peito, o último modelo mega power de
celular, o carro do ano, o quanto se gasta numa balada só
com bebida. E isso é chato, é cansativo, é tão longe do que eu realmente
aprecio nas pessoas!
Ai, aparece alguém que não fala
de nada disso. Pelo contrário, ele diz coisas que você gostou de ouvir, de
compartilhar. Alguém que faz o tempo passar voando, e sei lá por qual cilada do
destino – eu sou prática, volto a repetir – a coisa toda simplesmente não decola.
Não foi a dor de ter perdido uma
paixão avassaladora. Foi a dor do que poderia ter sido construído. O milhão
de possibilidades perdidas. As boas histórias que só duas pessoas com
afinidades conseguem vivenciar! O tremor
que o amor pode ocasionar a um coração e alma aparentemente apaziguados.
Porém, a pergunta que não me
deixa em paz é: sabe quanto tempo eu terei que andar por ai, neste deserto
horripilante de pessoas interessantes até eu encontrar outro cara como este? Só
de pensar, tenho vontade de tomar mais Fluoxetina, mas acabei com meu estoque
no famigerado dia já citado.
Então, eu contei tudo isso aos
meus bons e velhos amigos, após uma sessão tortuosa de comilança, em meio a um
restaurante cheio e com os olhos cheios d’água. E sem álcool, o que tornou o processo mais doloroso. E eles me entenderam porque só
amigos verdadeiros entendem estes vexames. Eles entenderam que eu chorava não
pelo cara, mas pela perda do valioso bem que foi embora, sem que eu nunca o tivesse tido. Passou. Está passando!
Karina e André, este é pra vocês! Obrigada por estarem sempre comigo! Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até quando a vida permitir que dure!