quinta-feira, março 02, 2017

Gritaram-me gorda e eu respondi

Ontem, estava eu passando pelo metrô Anhangabaú, quando parei para comprar uma humilde barrinha de Galak a cinco mangos. Comprei e guardei. Dez passos à frente, tinha um mendigo, que observou a cena e me pediu dinheiro. Eu não tinha nada de trocado, então, simplesmente segui andando. Então escuto: "desse jeito você vai ficar mais gorda"!

Sabe quando o tempo para por alguns segundos? Eu pensei que não era possível que um ser humano que nunca me viu na vida, na sarjeta, se sentisse no direito de falar qualquer coisa para mim sobre o meu corpo. Quem perguntou? Quem pediu a opinião? Quem? Quem? Quem? 
Dificilmente eu respondo, mas desta vez saiu. "E você seguirá mais miserável"!

O miserável, é claro, não se referia ao fato de ele ser um pária social. É miséria de ser humano, saca? Me chamarem de gorda não é xingamento há muito tempo. Se tenho algo a agradecer ao meu primeiro psicólogo, é minha autoestima. Sim, às vezes eu me sinto uma titica, mas isso nunca me é inculcado por alguém. Porque eu me conheço bem para saber que ser uma mulher gorda não é a única coisa que me define. Tem toda uma história de alegrias e tristezas que compõe essa pessoa aqui. E miséria humana não é uma delas! 
Sou gorda, sim. GORDA, GORDA, GORDA. Falemos em alto e bom som. Percamos o medo dessa palavra e sigamos comendo o que a gente bem quiser, enquanto a saúde permitir. Porque a vida é curta e eu quero mesmo aproveitá-la!