Eu sei as coisas que gosto! Eu sei bem, cada uma delas. Eu
gosto de ser livre, gosto de quem me deixa quieta sem muitas perguntas, gosto
de dormir até tarde, gosto de receber e ver que minha grana vai dar pra pagar
todas as presepadas acometidas. Gosto de moto, de vento, de mar, de cachoeira.
Adoro o verão e sou doida pela lua.
No último ano, aprendi a gostar um pouco mais de mim. Foi um
ano conturbado. Me envolvi em um relacionamento fadado ao fracasso, porque
estava tudo uma merda mesmo, mas pelo menos que tinha com que me distrair – e fazer
sexo!
Economizei dinheiro; realizei uma viagem sem planejamento
nenhum, mas divertida; li coisas bacanas; bebi uma bela garrafa de vinho
californiano, enquanto cantava Secos e Molhados; trabalhei feito uma camela e
descobri que há dinheiro que não compensam; fui ao show do Morrissey sozinha e
me achei a melhor companhia e, acima de tudo, fiquei muito sozinha.
Saca a solidão do processo de cura? De se voltar pra si
próprio, de saber o que você precisa ou não em sua vida? Fiquei sozinha por
bastante tempo , remoendo coisas, superando outras e pensando na pessoa que eu
queria sair depois deste processo. Uma pessoa feliz com si própria, que não
coloca o seu estado de espírito nas mãos de ninguém?
Pois é, eu achei que tinha conseguido isso. Achei mesmo, pô!
Eu até troquei sexo por amores platônicos, porque vamos combinar, sexo é um
lance superestimado!
Pois bem, bastou um, um cidadão me tratar um pouquinho
melhor que os demais e, aparentemente, só pra me comer, que toda a minha
construção de mulher moderna e livre ruiu! RUIU!
Que tipo de mulher moderna, que faz questão de pagar suas
contas, que vai a shows e bares sozinha, que consegue fazer sexo com qualquer
um sem se apaixonar, que trepa na primeira vez porque, se o cara não quiser
vê-la mais por causa disse é ele que é um babaca e não ela que é uma vadia? Como
alguém assim pode sucumbir a um pouco de carinho e atenção? Heim?
Só há uma resposta pra isso, duas talvez: eu sou uma rata e
não uma mulher e eu sou uma rata carente! Achei que durante este período
sabático teria realmente me deixado mais forte, mais senhora de mim, but NO NO
NO, como já profetizou Amy!
O que isso significa? Que ainda não estou pronta, que ainda
não consigo ser a pessoa que quero ser e tome mais abstinência de qualquer diversão
por mais tempo. Porque eu quero e exijo ser uma fortaleza, eu exijo! É um mundo
duro lá fora e, em minha opinião, só as rochas sobrevivem.
Estou tão cansada! Eu só queria estar certa sobre o caminho
uma vez! Certa de primeira. Eu estou tão cansada e some-se a isso, me descubro
uma farsa. Eu não quero ser uma farsa, não quero. Relacionamentos pra mim devem ser equilíbrio e não esta confusão de sentimentos. Ainda não posso, ainda não consigo!