quarta-feira, maio 23, 2007

Carta aberta aos homens por Xico Sá


Ontem foi dia de ginecologista. Não, não estou com fungos, mulher depois que trepa se fode literalmente. Todos os anos temos que fazer uma porrada de exames, afinal, temos útero, ovários, trompas etc.

Chego no consultório e o ginecologista hipongo que insiste em me convencer a ter um filho pergunta se estou namorando. Eu respondo que não. Ele pergunta o motivo e eu digo que todos os homens que valem a pena são gays ou casados. Ele diz que é uma reclamação legítima, eu não sou a primeira pessoa a dizer isso. Penso mais um pouco e digo que os que não são gays, nem casados são frouxos. Ele não responde! Saio de lá com a lista de exames de praxe e uma receitinha de remédio para TPM porque há 15 dias da coisa, eu já estou alucinada. Ele receita a vitamina porque tem pena dos homens. Ah, o humor judeu!

Minutos depois, encontro um amigo do Movimento Humanista e me pego com a mesma conversa, só que este é casado com uma boliviana que está morando na Bolívia. Prático, não? Ai, vale o questionamento: os casados são ousados, ou são ousados porque são casados?

Chego em casa, pensando no maldito casado do trabalho que está no processo de me dar linha pra depois me abandonar. Nos vai e volta, no pouco tempo que tenho para decidir se cago ou libero a privada e em meio a estes devaneios, leio o blog do Xico Sá e descubro que ainda há homens que sim, honram as calças que vestem. Leiam, divulguem e aprendam!

Carta aberta aos homens por ele, Xico Sá

Amigas, peço a devida licença para me dirigir exclusivamente aos meus semelhantes de sexo, esses moços, pobres moços, neste panfleto testosteronizado. Sim, amigas, esses seres que andam tão assustados, fracos e medrosos, beirando a covardia amorosa de fato e de direito.

Destemidas fêmeas, caso notem que eles não leram, não estão nem ai para a nossa carta aberta, recortem e colem nas geladeiras , tirem uma cópia e preguem no banheiro, na mesa do computador, na cabeceira, deixem esta crônica grudada na tv, mas não antes do futebol, pois há o risco de simplesmente ser ignorada, enfim, me ajudem para que esta minha carta aberta aos rapazes chegue, de alguma forma, ao alcance deles.

Amigos, chega dessa pasmaceira, chega dessa eterna covardia amorosa. Amigos, se vocês soubessem o que elas andam falando por ai. Horrores ao nosso respeito. O pior é que elas estão cobertas de razão como umas Marias Antonietas cobertas de longos e impenetráveis vestidos.

Cabróns, estamos sendo tachados simplesmente de frouxos, medrosos, ensaios de macho, rascunhos de homens, além de tolos, como quase sempre somos.

Prestem atenção, amigos, faz sentido o que elas dizem. A maioria de nós anda correndo delas diante do menor sinal de vínculo, diante da menor intimidade, logo após a primeira ou segunda manhã de sexo. O que é isso companheiros? Fugir à melhor das lutas? Nem vou falar na clássica falta de educação do dia seguinte.Ora, mandem nem que seja uma mensagem de texto delicada, seus preguiçosos, seus ordinários. O que custa um telefonema gentil, queiramos ou não dar seqüência à historia?!

Amigos, estamos errados quando pensamos que elas querem urgentemente nos levar ao altar ou juntar os trapos urgentemente. Nos enganamos. Erramos feio. Em muitas vezes, elas querem apenas o que nós também queremos: uma bela noite, ora direis, ouvir estrelas!

Por que praticamente exigimos uma segunda chance apenas quando falhamos, quando brochamos, algo demasiadamente humano? Ah, eis o ego do macho, o macho ferido por não ter sido o garanhão que se imagina na cama.

Sim, muitas querem um bom relacionamento, uma história com laços afetivos. Primeiro que esse desejo é legítimo, lindo, está longe de ser um crime, e além do mais pode ser ótimo para todos nós. Enquanto permanecermos com esse medinho de homem, nesse eterno e repetido “estou confuso” –“eu tô cafuso”, como dizia Didi Mocó!-, a vida passa e perdemos mil oportunidades de viver, no mínimo, bons momentos do gozo e felicidade possível. Afinal de contas para que estamos sobre a terra, apenas para morrer de trabalhar e enfartar com a final do campeonato?

Amigos, mulher não é para ser temida, é para nos dar o melhor da existência, para completar-nos, nada melhor do que a lição franciscana do “é dando que se recebe”, como cai bem nessa hora. Amigos, até sexo pra valer, aquele de arrepiar, só vem com a intimidade, os segredos da alcova, o desejo forte que impede até o ato que mais odiamos, a velha brochada da qual tratamos aí acima.

Rapazes, o amor acaba, o amor acaba em qualquer esquina, de qualquer estação, depois do teatro, a qualquer momento, como dizia Paulo Mendes Campos, mas ter medo de enfrentá-lo é ir desta para a outra mascando o jiló do desprazer e da falta de apetite na vida. Falta de vergonha na cara e de se permitir ser chamado de homem para valer e de verdade.

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