quinta-feira, julho 19, 2007

Antes do pôr-do-sol

Alguns filmes têm o imenso poder de falar muito sobre nós mesmos. É como se o roteirista soubesse exatamente como você se sente e colocasse isso na pele de dois atores bonitos de Hollywood, numa limosine que roda pelas ruas de Paris. O mais triste de isso tudo não é que você não é a atriz, nem que não vive em Hollywood com um bom salário e menos ainda que nunca foi a Paris. O mais deprimente é saber que o maldito roteirista escreve como se te conhecesse porque todo mundo é igual! Todo mundo sofre porque não tem o salário que quer, o emprego que quer, porque não tem a pessoa que gosta do lado ou porque não quer morrer. Pronto. Nascemos, vivemos, sofremos horrores por motivos que nos são universais e depois morremos. Grande, grandíssima merda!

Corta para mim, na limosine de Paris, falando com o motorista por que eu não quero falar com mais ninguém além do motorista!

"Fiquei surpresa de ver que eu lidava com a vida do mesmo jeito que faço agora. Eu tinha mais esperança e era mais ingênua, mas no fundo eu me sentia da mesma forma. Achei melhor parar de romancear as coisas. Eu vivia sofrendo o tempo todo. Tenho muitos sonhos que não têm nada a ver com a minha vida afetiva. Isso não me entristece, mas as coisas são assim. Ter alguém sempre por perto me sufoca. Só fico realmente feliz quando estou sozinha. Estar só é melhor do que sentir solidão ao lado de um amante.

Para mim, não é fácil ser romântica. Você começa assim ... mas depois de se dar mal algumas vezes, esquece seus devaneios e aceita o que a vida lhe dá. Não é verdade. Não me dei mal. Tive muitas relações sem graça. Não foram cruéis, me amaram, mas não havia uma ligação, uma emoção. Sabe o quê? Para mim, realidade e amor são contraditórios. É engraçado. Todos os meus ex-namorados estão casados. Os homens saem comigo, terminamos e eles se casam. Depois, ligam e agradecem porque lhes ensinei o que é o amor, os ensinei a amar e respeitar as mulheres. Quero matá-los. Por que não me pediram? Eu teria recusado, mas poderiam me pedir! Sei que é minha culpa. Nunca senti que era o homem certo.

O que significa isso? O amor de uma vida? O conceito é absurdo. Só nos completamos com outra pessoa. É sinistro! Sofri demais e me recuperei. Agora, não faço força alguma. Sei que não vai dar em nada. Parece que não ligo, mas estou morrendo por dentro. Estou amortecida. Não sinto dor nem excitação. Nem estou amargurada. Estou antes do pôr-do-sol".

3 comentários:

Jana disse...

quis esganar essa fulana por ela ter falado exatamento como eu me sinto. Mesma coisa com a Clementine do Brilho Eterno. Mesma coisa com Cpt Jack Sparrow. :)

Paulo Bono disse...

Cara, Lola.

se não me engano, o grande amor da vida, nesse filme, dura um dia. bacana.
grande abraço

Jana disse...

Ai, o paulo foi um chato nesse comentário dele. Ele tá certo, tudo bem, foi só um dia. Mas tem relacionamentos de um ano que não tem essa intensidade.