Era 30 de julho de 1999, naquela fria noite de inverno, sem motivo aparente, ele me deixou. Cinco anos de dedicação, de vontades próprias deixadas para trás e uma brilhante carreira de escritora totalmente abandonada. Ele roubou meus sonhos, minha dignidade e agora estava prestes a roubar a minha liberdade.
Aqui estou, dentro do elevador, rumo a minha vingança. Os andares vão passando diante do visor: décimo primeiro, décimo segundo, finalmente, décimo terceiro.
Cabelo ligeiramente revolto, ele odiava isso. Estou suando e tremendo. Estou diante de sua secretária. Ela tenta me deter, mas seu esforço é em vão. Adentro a linda sala do escritório dele, arranco o revólver de dentro da bolsa e miro, certeira, em sua grande cabeça.
Ele está pálido. Tenta obter alguma explicação. Proíbo que ele fale e lhe concedo um último pedido. Neste momento, o seu celular modelo Motorola V120 toca. Ele pede para atender e eu aviso que é a última coisa que fará em vida. Durante a conversa, seus olhos enchem de lágrimas. Ele desliga, olha para mim, e diz que era o médico, avisando que o exame de coração havia sido trocado. Ele não ia mais morrer e nós podíamos voltar a viver juntos. Não havia outra mulher (...) era só a morte, atravessando o nosso caminho.
Obs: com este conto, ganhei meu primeiro celular em uma promoção da Revista TPM
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