quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Quase um engano...

Era 30 de julho de 1999, naquela fria noite de inverno, sem motivo aparente, ele me deixou. Cinco anos de dedicação, de vontades próprias deixadas para trás e uma brilhante carreira de escritora totalmente abandonada. Ele roubou meus sonhos, minha dignidade e agora estava prestes a roubar a minha liberdade.

Aqui estou, dentro do elevador, rumo a minha vingança. Os andares vão passando diante do visor: décimo primeiro, décimo segundo, finalmente, décimo terceiro.

Cabelo ligeiramente revolto, ele odiava isso. Estou suando e tremendo. Estou diante de sua secretária. Ela tenta me deter, mas seu esforço é em vão. Adentro a linda sala do escritório dele, arranco o revólver de dentro da bolsa e miro, certeira, em sua grande cabeça.

Ele está pálido. Tenta obter alguma explicação. Proíbo que ele fale e lhe concedo um último pedido. Neste momento, o seu celular modelo Motorola V120 toca. Ele pede para atender e eu aviso que é a última coisa que fará em vida. Durante a conversa, seus olhos enchem de lágrimas. Ele desliga, olha para mim, e diz que era o médico, avisando que o exame de coração havia sido trocado. Ele não ia mais morrer e nós podíamos voltar a viver juntos. Não havia outra mulher (...) era só a morte, atravessando o nosso caminho.

Obs: com este conto, ganhei meu primeiro celular em uma promoção da Revista TPM

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