sábado, março 17, 2007

Jorge Furtado e sua Ilha das Flores


Vemos algumas coisas tarde demais, mas, às vezes, sentimos que apesar da demora, aquele era o momento certo. "Ilha das Flores", o curta de Jorge Furtado sempre foi muito comentado, mas só vi a primeira vez, há duas semanas, na aula de filosofia e veio para reafirmar o que penso sobre o cara: autor de "Meu tio matou um cara e “O homem que copiava" e "Houve uma vez dois verões", é um dos poucos diretores brasileiros que conheço e que sabe muito bem, como narrar uma história, mesmo que seja sobre um lugar tão triste, onde homens precisam comer as sobras do que dão a porcos.

Impressões sobre ilha e flores

Em “Ilha das Flores”, a primeira coisa que chama a atenção é a forma narrativa fragmentada e que, aos poucos, mostra-nos a condição humana: somos homens com tele-encéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor, completamente desumanizados pelo capital, pela mercadoria, pelo sistema, pela ausência de um Estado que, apesar de ausente, possui seus donos.

“Há poucas flores na Ilha das Flores”. Enquanto tal trecho é narrado, crianças aparecem na tela. Seriam elas flores? Seriam elas capazes de dar vida aquele local? Seriam elas um sinal de esperança e mudança? Como humanizar um local onde homens valem menos que porcos? Só há uma maneira de se fazer isso: valorizar a vida!

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