domingo, outubro 28, 2007

Sensações


Ela tinha a sensação de estar se metendo em muitas confusões. Viveu em dois anos tudo o que não consegui viver em 26 anos de existência e agora confessava que às vezes tinha a impressão de ter informação demais, de que era vivência demais pra ela!

Havia prometido que este seria um ano sabático, um descando ao corpo, à mente, ao coração. Havia conseguido? A promessa durou seis meses e resolveu que daria a chance de se aprofundar em um relacionamento custasse o que custasse apenas porque era ele. Resultado? Adivinha? "A gente só não sofre quando desistimos de nos relacionar com as pessoas, quando arrancamos elas de nossas vidas, do contrário, esteja preparado para tudo de bom e tudo de ruim que isso pode trazer à tua vida"!

E no meio a tudo isso ficam algumas sensações, que no fundo ela sentia que a ajudavam a descobrir um pouco de quem era. Por exemplo? Por exemplo, reviver momentos em que você nem havia se dado conta de que estava feliz e de repente ele ressurge, exatamente a sensação que havia vivido aquele dia, ao lado dos amigos. A situação no emprego não estava boa, a saúde estava debilitada, mas, caralho, tua alma estava limpa como queria, não havia dores, paixões, decepções, você apenas estava limpa e feliz em estar consigo mesma. Dá-se conta que entre um dia e o outro, em que você simplesmente não acreditava mais nas pessoas, só havia se passado cinco meses, tão pouco e você agora era outra.

Então, ela viaja e passa em fente à faculdade que estudou durante quatro anos. Ela para e fica ali por tanto tempo que já não sabe se foram dez minutos ou uma hora. Tudo que queria era guardar no fundo da alma a sensação boa que aquele lugar lhe dava, os melhores anos de sua vida, os grandes amigos que fez a vida que simplesmente não voltaria a ser a mesma.

Ai, um belo dia ela está vendo um filme qualquer na tv e a chuva na tela a cativa de uma maneira toda especial. Ela lembra que odeia chegar em casa ou no trabalho molhada, mas que ama dormir ouvindo o barulho da água batendo no asfalto, no telhado, na janela, no jardim. E aquilo a faz chorar porque a sensação de alegria toma tudo a sua volta! É tão forte que no outro dia, chuvoso após meses sem cair uma única gota, ela para, no meio de uma avenida e passar a tirar uma, duas três, várias fotos da rua molhada, da chuva reletida nos faróis dos carros.

Remoendo os últimos acontecimento, às vezes com raiva, às vezes com saudades, às vezes confusa, ela pensa que tudo bem se machucar, só não se machuca quem não se relaciona com as outras pessoas e a prática leva à perfeição. Você se dá conta que a dor vai passando cada vez mais depressa, ela já não dura mais de três meses. Talvez você esteja se acostumando a esperar sempre pouco de todo mundo, quase nada. Não é uma sensação boa, dói ver-se pensando assim, mas estava disposta a não fingir ser otimista!

Então, na sala do ginecologista com o resultado que mais uma vez mudaria sigularmente tudo a sua volta ela ouve do médico: "seja qual for o resultado do exame, que ele sirva para você pensar o que realmente quer da vida". O que realmente queria da vida? Muitas perguntas, quase nenhuma resposta. A única certeza era que definitivamente estava farta deste mundo e criar alguém nele, talvez fosse muita crueldade!

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