quarta-feira, agosto 09, 2006

Passeata pela paz no Líbano


Domingo, 6 de junho, 10h da manhã, Praça Oswaldo Cruz. No local, homens vestidos com camisetas de apoio ao Hezbollah, mulheres usando véus e carros de som anunciavam ao que vieram: protestar contra a guerra no Líbano. Mas havia algo de podre no reino da Dinamarca, sempre há!

No meio do pessoal, também está Lola Mendonza e alguns membros do Movimento e Partido Humanista, pedindo, claro, que a paz fosse estabelecida entre Israel e o Líbano.

A passeata começa e com ela surgem os primeiros gritos de protestos, puxados, geralmente pela Juventude do PSTU: morra Ariel, morra Bush, morra o Estado de Israel, devo ter esquecido de citar mais alguém – foram muitos desejos de morte naquele dia. Mas não era uma passeata pela paz? Será que eu, em mais um devaneio produzido pelos psicotrópicos, havia parado no lugar errado?

Nananina não. Eu estava no lugar certo, apesar de ter sido incapaz de desejar a morte do Ariel Sharon que, cá entre nós, não tem um dedo sequer nesta batalha, pois já está mais pra lá do que pra cá há meses, completa falta de informação!

E o que dizer dos jovens do PSTU? Acho que foram todos arrancados do começo do século passado e jogados no início do segundo milênio. Pessoas duras, inflexíveis, amargas, leninistas até o último fio de cabelo e claro, não devem fazer um bom e revigorante sexo há muito, muito tempo! Volta pro mar, oferenda!

Well, deixo aqui o meu protesto. Sou contra o massacre que Israel está promovendo contra o povo libanês. Também sou contra as táticas de terror impostas pelo Hezbollah ao povo israelense. Reconheço que o grupo é uma resistência, mas acredito nas formas de resistências pacíficas. Quais são elas? Filhote, se eu soubesse, eu me candidataria. Por mim, todo mundo virava budista ou ia aprender a negociar com Ghandi, lendo sua história e suas conquistas realizadas com muita paz e sabedoria.

Finalizo este pequeno desabafo, com um poema de Carlos Drummond de Andrade.

Os Ombros Suportam O Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

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