segunda-feira, julho 10, 2006

O professor me ensinou fazer uma carta de amor...


Faz tempo que não escrevo uma carta para alguém. A última vez foi em janeiro, entregue em mãos a uma pessoa que provavelmente não verei mais e isso dói um pouco. Um verdadeiro tratado sobre o que eu achava que ele era, deveria ser ou fazer. Quanta prepotência! Ninguém precisa ser analisado daquela maneira.

Mesmo assim, ainda foi na melhor das intenções, a última tentativa, antes de deixar todo o sentimento à deriva. Não deu certo e agora não adianta remoer o passado, é preciso contentar-se em saber que apenas estamos ligados, pelo menos eu a você, por pertencermos ao mesmo mundo, por compartilharmos a contemporaneidade e por estar perto de mim no meu coração e na minha mente.

Enfim, lendo o capítulo A Correspondência do livro "Bom dia, angústia", ótimo nome, de André Comte-Sponville, comecei a pensar no poder de se registrar o que se pensa, o que se sente e no peso que certas coisas têm, pelo simples fato de estarem registradas num mero pedaço de papel. Compartilho, com quem interessar, as idéias de Sponville e faço das palavras dele as minhas também. Às vezes, alguém precisa dizer as coisas por nós!

"Se deixamos de lado as trocas puramente profissionais ou administrativas, quase sempre é de amor que se escreve, e por amor, seja esse amor de paixão ou de amizade, de família ou de férias, profundo ou superficial, leviano ou sério. Escrevo-te para dizer que te amo, ou que penso em ti, que me alegro, sim, de ser teu contemporâneo, de habitar o mesmo mundo, o mesmo tempo, de só estar separado de ti pelo espaço, não pelo coração, não pelo pensamento, não pela morte."

Nenhum comentário: